December 3, 2012 | Violence Against Women

As Vítimas Mais Jovens: Os Escravos de Sexo de América Latina

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Por Ashley Bush

Abacaxi, banana, salmão, café - adicione a essa lista outra exportação crescente na América Latina: mulheres e meninas, algumas com apenas sete anos de idade, traficadas contra sua vontade para países estrangeiros (incluindo os EUA) e obrigadas à prostituição, pornografia e a striptease. É um negócio lucrativo; de acordo com a Organização Internacional de Migração, o tráfico sexual é agora uma indústria de US$ 1,3 bilhão por ano na América Latina.

E não é apenas uma questão de algo distante. A América Central e a América do Sul tornaram-se destinos quentes para o turismo sexual — viagens, muitas vezes disfarçadas de "excursões de pesca" e que oferecem prostitutas menores de idade. "Estamos vendo o turismo sexual como um grande problema no Brasil", diz Lauren Hersh, diretora do escritório de Nova York da organização de direitos humanos Equality Now. De acordo com um recente relatório da UNICEF, até um quarto de milhão de crianças brasileiras são capturadas pelo comércio sexual, e alguns especialistas acreditam que o Brasil poderia em breve ultrapassar a Tailândia como o destino número um de férias de sexo ilícito.

México, Costa Rica, Guatemala, Nicarágua, Colômbia e Argentina também têm problemas de tráfico sexual; na verdade, a região como um todo serve como canal para a escravidão sexual, e é uma das principais fontes de pessoas traficadas para os EUA a cada ano.

"Há um aumento no tráfico decorrente da América do Sul, passando pela América Central através do México e, em seguida, fazendo o seu caminho para os EUA", diz Norma Ramos, diretora-executiva da The Coalition Against Trafficking in Women. "Eles usam as mesmas rotas que os traficantes de drogas."

O tráfico sexual tornou-se um desafio tão grande para a região que a cúpula Women in the World, a ser realizada em São Paulo no dia 4 de dezembro, contará com dois painéis sobre o tema. (Consulte a agenda da cúpula completa aqui.)

Mas a América Latina é também o lar para as soluções, e o primeiro passo é diagnosticar porque isso está acontecendo. "Tudo tem a ver com a situação das mulheres", diz Ramos. "A Guatemala, por exemplo, tem altos níveis de pobreza, desigualdade de mulheres e altos níveis de corrupção do governo. Esta é uma mistura potente que produz altos níveis de tráfico sexual. Quanto mais baixo for o status das mulheres e meninas, haverá um aumento correspondente em todas as formas de violência contra as mulheres".

É um problema que se autoperpetua, observa Adelinda Pavon, uma deputada de Honduras. As meninas obrigadas ao comércio sexual em uma idade adiantada nada conhecem além disso, diz ela. As oportunidades de emprego legítimo são poucas, e muitas mulheres jovens permanecem no negócio, mesmo que ganhem sua liberdade. "Punimos mas não reabilitamos", afirmou Pavon. "Pregamos, ameaçamos e castigamos mas não motivamos, educamos e inspiramos."

Na verdade, o sistema parece às vezes desfavorável contra essas meninas. Em Honduras, um juiz que pediu anonimato, disse que, "se a vítima estiver com mais de 12 anos de idade, se ela se recusar a apresentar queixa e se os pais claramente lucrarem com o comércio da criança, tendemos a olhar para o outro lado". Para o tribunal, essas decisões são consideradas "questões privadas" para as famílias envolvidas.

Resgatando crianças da prostituição: Casa Alianza

Então, qual é a resposta a este ciclo vicioso? Capacitar meninas em tenra idade, dizem os especialistas, e fornecer alternativas de emprego realistas para as mais velhas.

A Casa Alianza, organização sem fins lucrativos que trabalha com a Covenant House localizada nos Estados Unidos, opera na Guatemala, Honduras, México e Nicarágua. O objetivo: ajudar as crianças e adolescentes sob alto risco de exploração sexual.

As crianças desabrigadas que vivem na rua estão particularmente vulneráveis; esse é o motivo pelo qual a Casa Alianza lhes dá um lugar seguro para dormir, refeições quentes, aconselhamento psicológico e classes em tudo, desde sua alfabetização à informática.

E se os jovens não vêm a Casa Alianza, a Casa Alianza vai até eles. Voluntários do grupo foram vistos entrando em bordéis com escolta da polícia para resgatar meninas da servidão sexual.

Para saber mais sobre a Casa Alianza e fazer doações para seu trabalho, acesse aqui.